sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Aos Combatentes do Ultramar




Quando partiram para a guerra,
Eram tantas as mães e filhos,
Naquele cais a chorar,
Eram tantos os lenços brancos,
Naquele cais a abanar.

Se no mundo há amor,
Nunca deixes de amar,
Nem nunca vos esqueceis,
Dos combatentes do Ultramar.

Eram mães e filhos de corações partidos,
Com lágrimas de sangue a chorar,
Quando viram os seus maridos e filhos,
Ir para a guerra do Ultramar.

Nós temos no nosso Jardim,
Um anjo que foi militar,
Ele tanto rastejou,
Que morreu para nos salvar.

Hoje tenho oitenta e seis anos,
Já não posso contar mais,
Ainda hoje me arrepio,
Quando vi o meu filho,
Ir para a guerra do Ultramar.

Mães de Portugal,
Que choraste noite e dia,
Nunca vos esqueceis,
De lhes rezar um Avé Maria.


Deolinda Costa 89 anos

Feliz Natal







Bom Natal lhe desejamos,

Os idosos neste dia,

Onde todos convivemos,
Com amor e alegria.

Diz-se que o Natal é um dia,

Que devemos festejar,

Mas todos os dias é Natal,

Se nos souber-mos amar.


E a todas as pessoas,
Que o seu tempo nos dão,

Um bom Natal desejamos,

Do fundo do Coração.


Todos juntos,

Gritamos numa só voz,

Muito obrigado à Santa Casa,
Por tudo que faz por nós.


O que será que nos une,

Só poderá ser o amor,
Deus é grande Deus é Pai,

Louvemo-lo com fervor.


Neste grupo d'amizade,

Há muita gente de bem,
Todos vivem em fraternidade,

E em coro dizemos amém
.

Neste mundo que se vive em guerra,
Neste mundo sem amor,

Cantemos e rezemos,

Pelos que sofrem cheios de dor.


A todos quero dizer,

Uma só coisa afinal,

Quero muito vos desejar,

Um Santo e Feliz Natal
.


Deolinda Costa 89 anos

Sanguinhedo





Ribeirinho Sanguinhedo,

Das águas que desalinham,

Porque dais ais em segredo,

Sanguinhedo ribeirinho.


O moleiro da quebrada,
Sanguinhedo ribeirinho,

Vai-me moer a fornada,

Põe a girar o moinho.



Também naquele moinho,

Onde tudo se reduz,
Também se Fazia azeite,

Para à noite acender a luz.


Ó água do ribeirinho,

Sempre guardei teu segredo,

Vais pelo ribeiro abaixo,

Sempre junto ao penedo.


O rio Sanguinhedo,

Corria sem fazer ondas,
Onde tinha outro moinho,

Era no rio das pombas.


Que fadário Sanguinhedo,
Pela Ponte Velha fora,

Num romance sem enredo,
A gemer a toda a hora.

No rio de sanguinhedo,

Faz-se uma coisa tão bela,
É uma linda cascata,

Mesmo aos pés da Ponte Velha.

Ponte Velha iluminada,

À noite parece o céu,
Também tem lá no alto,

A igreja de S. Bartolomeu.

Sanguinhedo Ribeirinho,
Tinhas uma azenha velhinha,

Agora o que tens lá,
É uma linda tasquinha.



Deolinda Costa 89 anos

Maria




Quando voltava da escola,

Viu Maria um pobrezinho,

Que andava a pedir esmola,
Quase descalço, rotinho.


Quis socorrê-lo a pequena,

Mas não levava dinheiro,
Teve pena muita pena,

Do pobre do caminheiro.


Em vez de lhe dar esmola,

Disse ao bom Velho a sorrir,

-Ó Tio dê-me a sacola,

E vamos os dois pedir.


Maria vai satisfeita,

Esmola a esmola juntando,

E o pobrezinho chorando,
Ao ver a pequena colheita.


Os olhos do Caminheiro,

Só brilharam de alegria,

Quando viu que já tinha pão,

Para comer durante o dia.



Deolinda Costa 89 anos

Bustos



Deolinda Costa 89 anos

Sou Avó, vivo sozinha







Meu Avô disse-me um dia,

Quis deixar-me avisada,
Que fosse pobre e honesta,
E não rica e desgraçada.


Quando eu andava na escola,
Estudava à lareira,

A minha Avó coitadinha,

Estava sempre à minha beira.



Ó minha Avó, minha Avó,

Ó minha querida Avózinha,

Quantas vezes tiraste da tua boca,

Para meteres na minha.



Há tantas Avós neste mundo,

Cheios de filhos e netinhos,

Vivem abandonados,

Sem amor e carinho.



Os filhos dizem aos Pais,

Que por eles não podem olhar,

O que têm a fazer,

É coloca-los num Lar.



É triste ser velho,
E viver na solidão,

Dentro de quatro paredes,

Vivendo na escuridão.



Eu sei que vou morrer,

E não tenho nada meu,

Só peço a Deus que me dê,

Um cantinho no Reino do Céu.



Deolinda Costa 89 anos

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Se soubesses o Dom de Deus




Samaritana deu de beber a Jesus junto ao poço de Jacob




Centro de Dia da Paróquia de Santo Tirso


Deolinda Costa 89 anos

Cristo na rua

A cidade de Santo Tirso,
Encheu-se de cristãos e de luz,
Fez lembrar a toda a gente,
Que todos nós temos uma Cruz.

Todas elas eram lindas,
Eram lindas de encantar.
Até as crianças fizeram cruzes,
Pensando que estavam a brincar.

Vi uma imagem tão linda,
Que não precisava de Cruz,
A imagem mais linda que eu vi,
Foi a do Menino Jesus.

Eram Cruzes tão lindas,
Uma é preciso que toda a gente a veja,
Quem quiser ver a Cruz mais bela,
É ir vê-La à Igreja.


Abrimos os nossos corações,
Para que toda a gente veja,
Que a Igreja é Cristo,
E Cristo é a Igreja.


Deolinda Costa 89 anos

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Santo Tirso







À entrada de Santo Tirso tem uma ponte,

Debaixo da ponte tem um moinho,
Anda-se mais adiante,
Tem a pomba e o cãozinho.

Temos uma linda igreja,
Igreja mais linda não há,
Temos a Escola Agrícola,
Temos tudo o que nos dá.

Segue-se em frente, sobe-se o escadario,
Vira-se à direita, e lá então,
De frente ao parque,
Tem o antigo teatro Eduardo Brazão.

Temos um lindo parque,
Com a Casa de Chá, tem graça,
Tem uma biquinha à porta,
Dá de beber a quem passa.

Tenho muita saudade,
Do tempo que lá vai,
Ainda hoje choro,
Com saudade do Hotel Cidnay.

Paroquianos de Santo Tirso,
Não me levem a mal,
Vão visitar a capela,
Do Centro Paroquial.

Os reformados desta terra,
Quando querem passar o tempo,
Vão-se sentar no parquinho,
A olhar para o Conde S. Bento.

Quando o mundo foi criado,
Deus quis um recanto Seu,
Esboçou, fez um traçado,
E Santo Tirso nasceu.

Santo Tirso é linda terra,
Não há outra em Portugal,
Meiga a Princesa do Ave,
Dos poetas madrigal.

Deolinda Costa 89 Anos

No Jardim Da Oração






No jardim da oração,

Santo António e S. João,
Com água aos pés em chuveiro,
Rouxinóis cantavam ao longe,
Davam vida e alegria aos monges,
Lá dentro do mosteiro.

Velhas fontes do mosteiro,
Sois uma prece e um lamento,
De joelhos no cruzeiro,
Dà saudades do convento.

Nos claustros tem um chafariz,
Que esquecido nada diz,
Das batinas de S. Bento,
Nossa Senhora d'Assunção,
Com água aos pés, em cachão,
Sois uma prece e um lamento.

Ó Senhora d'Assunção,
Dá-me a mão pela janela,
Que eu já venho cansada,
De subir o monte dela.

Ó Senhora d'Assunção,
O caminho pedras tem,
Se não fizesses milagres,
Aqui não vinha ninguém.

Ó Senhora d'Assunção,
De longe Te venho ver,
Porque deste saúde,
A quem estava a morrer.

Deolinda Costa 89 Anos

Ao Centro de Saúde de Santo Tirso-USF Ponte Velha





Eu venho agradecer,

E grito numa só voz,
Muito obrigada, Centro de Saúde,
Por tudo o que fazem por nós.

Começo pelo porteiro,
Que é um grande senhor,
Pergunta sempre aos idosos,
Se querem ir pelas escadas,
Ou se querem ir pelo elevador.

Dirijo-me às meninas,
Para fazer a inscrição,
Elas são tão atenciosas,
E eu lhes agradeço com gratidão.

A todos os médicos e médicas,
Eu lhes quero agradecer,
Porque abaixo de Deus,
Só eles nos podem valer.

Em 1988, quando me lembra,
Ainda me arrepia,
Vi o fim da minha vida,
Que estava presa por um fio.

Agradeço a Deus,
E à minha médica querida,
Se hoje tenho 88 anos,
Foi no Centro de Saúde,
Que me deram a vida.

Também já fui às urgências,
Não me posso esquecer,
Tanto aos médicos e médicas,
Também tenho que agradecer.

E as todas as enfermeiras,
Pelo carinho que nos dão,
A todos muito obrigada,
Do fundo do coração.

Se o médico chama a ambulância,
É porque o doente está mal,
Aos bombeiros quero agradecer,
Todo o carinho que nos dão,
Quando nos levam ao Hospital.

Nunca se arrependam,
Do trabalho que estão a fazer,
Um dia, quando chegarem ao céu,
Deus lhes vai agradecer.

Deolinda Costa 89 Anos

Os Pescadores Há 72 Anos







De cima da ponte,

Tinha-se uma linda miragem,
Viam-se os pescadores,
Junto á fabrica da serragem.

Eram tantos os pescadores,
Que vinham sei lá de onde,
Uns pescavam na beira rio,
Outros de cima da ponte.

O pescador pescava,
Fosse noite, fosse dia,
Tanto pescava peixe,
Como pescava enguia.

Naquela água pura e cristalina,
Clarinha como o sol,
Via-se a minhoca a nadar,
Lá na ponta do anzol.

Ao domingo, os pescadores,
Que pescavam na beira rio,
Quando chegavam á noite,
Tinham o cacifo vazio.

Uma criança disse:
-Ó pescador, hoje é Domingo,
Porque fazes a isca?
Não sabes que ao domingo,
Os peixes vão á missa?

Santo António reuniu os peixes,
Fez um sermão, todo em Latim.
Os peixes com devoção,
Disseram "ÁMEN" no fim.

Deolinda Costa 89 Anos

Há 72 anos





Santo Tirso era lindo,
Tinha uma coisa tão rica,
Era uma bonita praia,
Mesmo em frente à Escola Agrícola.

No Rio Ave havia,
A praia fluvial,
Era linda, era bela,
Não havia outra igual.

Para seguir para a praia,
Tinha que se atravessar o caneiro,
Para se ver cantar e dançar,
O Rancho "Flores do Ave",
E o Rancho dos "Pauliteiros".

Toda a gente ia à praia,
Eramos todos iguais,
Enquanto uns apanhavam sol,
Os outros nadavam no cais.

Faziam-se grande regatas,
E não havia convites,
Iamos de barco à Insula,
Fazer grandes piqueniques.

Havia barcos no rio,
E eram todos iguais,
Passeávamos do cais à Insula,
e vínhamos da Insula ao Cais.

Era a ver os pescadores,
E o Rancho "Flores do Ave",
Onde se passava o tempo,
De que ainda hoje tenho saudades.


Deolinda Costa 89 anos

quinta-feira, 25 de março de 2010

A Estrada da Vida




Não me conheço,
Não sei quem sou,
Nem sei de onde vim,
Nem sei para onde vou.

Só sei que nasci,
Sem pedir a ninguém,
Quando dei por isso,
Tinha um Pai e uma Mãe.

Entrei na estrada da Vida,
Encontrei uma encruzilhada,
Não sei se entrei na estrada certa,
Ou se entrei na estrada errada.

Só sei que caminhei,
Sem pensar em mais nada,
Carregando a cruz,
Ao subir a calçada.

A calçada era longa,
Para chegar à estrada,
Vi uma velhinha,
À porta sentada.

Ela pediu-me
Para lhe fazer companhia.
Quando dei por ela,
Era a Virgem Maria.

Estava cansada, ouvi uma voz:
-Dorme querida,
Acabou a estrada,
A estrada da Vida.


Deolinda Cândida da Costa 89 anos