Quando partiram para a guerra,Eram tantas as mães e filhos,Naquele cais a chorar,Eram tantos os lenços brancos,Naquele cais a abanar.Se no mundo há amor, Nunca deixes de amar, Nem nunca vos esqueceis, Dos combatentes do Ultramar. Eram mães e filhos de corações partidos, Com lágrimas de sangue a chorar, Quando viram os seus maridos e filhos, Ir para a guerra do Ultramar. Nós temos no nosso Jardim,Um anjo que foi militar, Ele tanto rastejou, Que morreu para nos salvar. Hoje tenho oitenta e seis anos, Já não posso contar mais, Ainda hoje me arrepio, Quando vi o meu filho, Ir para a guerra do Ultramar. Mães de Portugal, Que choraste noite e dia, Nunca vos esqueceis, De lhes rezar um Avé Maria.
Deolinda Costa 89 anos
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Bom Natal lhe desejamos,
Os idosos neste dia,Onde todos convivemos,
Com amor e alegria.
Diz-se que o Natal é um dia,
Que devemos festejar,
Mas todos os dias é Natal,
Se nos souber-mos amar.E a todas as pessoas,
Que o seu tempo nos dão,
Um bom Natal desejamos,
Do fundo do Coração.
Todos juntos,
Gritamos numa só voz,Muito obrigado à Santa Casa,
Por tudo que faz por nós.
O que será que nos une,Só poderá ser o amor,
Deus é grande Deus é Pai,
Louvemo-lo com fervor.
Neste grupo d'amizade,Há muita gente de bem,
Todos vivem em fraternidade,
E em coro dizemos amém.
Neste mundo que se vive em guerra,
Neste mundo sem amor,
Cantemos e rezemos,
Pelos que sofrem cheios de dor.
A todos quero dizer,
Uma só coisa afinal,
Quero muito vos desejar,
Um Santo e Feliz Natal.
Deolinda Costa 89 anos
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Ribeirinho Sanguinhedo,
Das águas que desalinham,
Porque dais ais em segredo,
Sanguinhedo ribeirinho. O moleiro da quebrada,
Sanguinhedo ribeirinho,
Vai-me moer a fornada,
Põe a girar o moinho.
Também naquele moinho,
Onde tudo se reduz,
Também se Fazia azeite,
Para à noite acender a luz.
Ó água do ribeirinho,
Sempre guardei teu segredo,
Vais pelo ribeiro abaixo,
Sempre junto ao penedo.
O rio Sanguinhedo,Corria sem fazer ondas,
Onde tinha outro moinho,
Era no rio das pombas.Que fadário Sanguinhedo,
Pela Ponte Velha fora,Num romance sem enredo,A gemer a toda a hora.
No rio de sanguinhedo,Faz-se uma coisa tão bela,
É uma linda cascata,Mesmo aos pés da Ponte Velha.
Ponte Velha iluminada,À noite parece o céu,
Também tem lá no alto,A igreja de S. Bartolomeu.Sanguinhedo Ribeirinho,
Tinhas uma azenha velhinha,Agora o que tens lá,
É uma linda tasquinha.
Deolinda Costa 89 anos
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Quando voltava da escola,
Viu Maria um pobrezinho,Que andava a pedir esmola,
Quase descalço, rotinho.
Quis socorrê-lo a pequena,Mas não levava dinheiro,
Teve pena muita pena,
Do pobre do caminheiro.
Em vez de lhe dar esmola,
Disse ao bom Velho a sorrir,
-Ó Tio dê-me a sacola,
E vamos os dois pedir.
Maria vai satisfeita,
Esmola a esmola juntando,E o pobrezinho chorando,
Ao ver a pequena colheita.
Os olhos do Caminheiro,
Só brilharam de alegria,
Quando viu que já tinha pão,
Para comer durante o dia.
Deolinda Costa 89 anos
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Meu Avô disse-me um dia,Quis deixar-me avisada,Que fosse pobre e honesta,
E não rica e desgraçada.
Quando eu andava na escola,
Estudava à lareira,
A minha Avó coitadinha,
Estava sempre à minha beira.
Ó minha Avó, minha Avó,
Ó minha querida Avózinha,
Quantas vezes tiraste da tua boca,
Para meteres na minha.
Há tantas Avós neste mundo,
Cheios de filhos e netinhos,
Vivem abandonados,
Sem amor e carinho.
Os filhos dizem aos Pais,
Que por eles não podem olhar,
O que têm a fazer,
É coloca-los num Lar.É triste ser velho,
E viver na solidão,
Dentro de quatro paredes,
Vivendo na escuridão.
Eu sei que vou morrer,
E não tenho nada meu,
Só peço a Deus que me dê,
Um cantinho no Reino do Céu.
Deolinda Costa 89 anos
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Samaritana deu de beber a Jesus junto ao poço de Jacob
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Centro de Dia da Paróquia de Santo Tirso
Deolinda Costa 89 anos
A cidade de Santo Tirso,Encheu-se de cristãos e de luz,Fez lembrar a toda a gente,Que todos nós temos uma Cruz.Todas elas eram lindas,Eram lindas de encantar.Até as crianças fizeram cruzes,Pensando que estavam a brincar.Vi uma imagem tão linda,Que não precisava de Cruz,A imagem mais linda que eu vi,Foi a do Menino Jesus.Eram Cruzes tão lindas,Uma é preciso que toda a gente a veja,Quem quiser ver a Cruz mais bela,É ir vê-La à Igreja.Abrimos os nossos corações,Para que toda a gente veja,Que a Igreja é Cristo,E Cristo é a Igreja.Deolinda Costa 89 anos
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À entrada de Santo Tirso tem uma ponte,Debaixo da ponte tem um moinho,Anda-se mais adiante,Tem a pomba e o cãozinho.Temos uma linda igreja,Igreja mais linda não há,Temos a Escola Agrícola,Temos tudo o que nos dá.Segue-se em frente, sobe-se o escadario,Vira-se à direita, e lá então,De frente ao parque,Tem o antigo teatro Eduardo Brazão.Temos um lindo parque,Com a Casa de Chá, tem graça,Tem uma biquinha à porta,Dá de beber a quem passa.Tenho muita saudade,Do tempo que lá vai,Ainda hoje choro,Com saudade do Hotel Cidnay.Paroquianos de Santo Tirso,Não me levem a mal,Vão visitar a capela,Do Centro Paroquial.Os reformados desta terra,Quando querem passar o tempo,Vão-se sentar no parquinho,A olhar para o Conde S. Bento.Quando o mundo foi criado,Deus quis um recanto Seu,Esboçou, fez um traçado,E Santo Tirso nasceu.Santo Tirso é linda terra,Não há outra em Portugal,Meiga a Princesa do Ave,Dos poetas madrigal.
Deolinda Costa 89 Anos
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No jardim da oração,Santo António e S. João,Com água aos pés em chuveiro,Rouxinóis cantavam ao longe,Davam vida e alegria aos monges,Lá dentro do mosteiro.Velhas fontes do mosteiro,Sois uma prece e um lamento,De joelhos no cruzeiro,Dà saudades do convento.Nos claustros tem um chafariz,Que esquecido nada diz,Das batinas de S. Bento,Nossa Senhora d'Assunção,Com água aos pés, em cachão,Sois uma prece e um lamento.Ó Senhora d'Assunção,Dá-me a mão pela janela,Que eu já venho cansada,De subir o monte dela.Ó Senhora d'Assunção,O caminho pedras tem,Se não fizesses milagres,Aqui não vinha ninguém.Ó Senhora d'Assunção,De longe Te venho ver,Porque deste saúde,A quem estava a morrer.
Deolinda Costa 89 Anos
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Eu venho agradecer,E grito numa só voz,Muito obrigada, Centro de Saúde,Por tudo o que fazem por nós.Começo pelo porteiro,Que é um grande senhor,Pergunta sempre aos idosos,Se querem ir pelas escadas,Ou se querem ir pelo elevador.Dirijo-me às meninas,Para fazer a inscrição,Elas são tão atenciosas,E eu lhes agradeço com gratidão.A todos os médicos e médicas,Eu lhes quero agradecer,Porque abaixo de Deus,Só eles nos podem valer.Em 1988, quando me lembra,Ainda me arrepia,Vi o fim da minha vida,Que estava presa por um fio.Agradeço a Deus,E à minha médica querida,Se hoje tenho 88 anos,Foi no Centro de Saúde,Que me deram a vida.Também já fui às urgências,Não me posso esquecer,Tanto aos médicos e médicas,Também tenho que agradecer.E as todas as enfermeiras,Pelo carinho que nos dão,A todos muito obrigada,Do fundo do coração.Se o médico chama a ambulância,É porque o doente está mal,Aos bombeiros quero agradecer,Todo o carinho que nos dão,Quando nos levam ao Hospital.Nunca se arrependam,Do trabalho que estão a fazer,Um dia, quando chegarem ao céu,Deus lhes vai agradecer.Deolinda Costa 89 Anos
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De cima da ponte,Tinha-se uma linda miragem,Viam-se os pescadores,Junto á fabrica da serragem.Eram tantos os pescadores,Que vinham sei lá de onde,Uns pescavam na beira rio,Outros de cima da ponte.O pescador pescava,Fosse noite, fosse dia,Tanto pescava peixe,Como pescava enguia.Naquela água pura e cristalina,Clarinha como o sol,Via-se a minhoca a nadar,Lá na ponta do anzol.Ao domingo, os pescadores,Que pescavam na beira rio,Quando chegavam á noite,Tinham o cacifo vazio.Uma criança disse:-Ó pescador, hoje é Domingo,Porque fazes a isca?Não sabes que ao domingo,Os peixes vão á missa?Santo António reuniu os peixes,Fez um sermão, todo em Latim.Os peixes com devoção,Disseram "ÁMEN" no fim.Deolinda Costa 89 Anos
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Santo Tirso era lindo,Tinha uma coisa tão rica,Era uma bonita praia,Mesmo em frente à Escola Agrícola.No Rio Ave havia,A praia fluvial,Era linda, era bela,Não havia outra igual.Para seguir para a praia,Tinha que se atravessar o caneiro,Para se ver cantar e dançar,O Rancho "Flores do Ave",E o Rancho dos "Pauliteiros".Toda a gente ia à praia,Eramos todos iguais,Enquanto uns apanhavam sol,Os outros nadavam no cais.Faziam-se grande regatas,E não havia convites,Iamos de barco à Insula,Fazer grandes piqueniques.Havia barcos no rio,E eram todos iguais,Passeávamos do cais à Insula,e vínhamos da Insula ao Cais.Era a ver os pescadores,E o Rancho "Flores do Ave",Onde se passava o tempo,De que ainda hoje tenho saudades.Deolinda Costa 89 anos